Bem, como eu disse alguns meses atrás, iria começar uma curta série de postagens para que vocês tenham uma ideia mais concreta do Guia (para os que não o conhecem, especificamente). Nessa série, vou disponibilizar a introdução dos livros e alguns trechos, sempre do primeiro capítulo (de cada um). Imaginei que seria melhor postar o primeiro capítulo inteiro, mas não faria sentido, visto que eu teria vontade de digitar o livro completo pra vocês; se for assim é melhor comprar ou pedir emprestado, não acham? Vamos à primeira parte...
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Destino toda autoria do conteúdo a seguir a Douglas Noel Adams; + Completely Unexpected Productions Ltd. (Copyright (c) 1979); + Editora Arqueiro Ltd. pela tradução (Copyright (c) 2004).
E a todos responsáveis pela tradução, revisão, diagramação, projeto gráfico, design/ilustração da capa, impressão e acabamento. + Todos os envolvidos no projeto e confecção originais (inclusive editores). O Guia do Mochileiro das Galáxias não me pertence.
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" Muito além, nos confins inexplorados da região mais brega da Borda Ocidental desta Galáxia, há um pequeno sol amarelo e esquecido.
Girando em torno deste sol, a uma distância de cerca de 148 milhões de quilômetros, há um planetinha verde-azulado absolutamente insignificante, cujas formas de vida, descendentes de primatas, são tão extraordinariamente primitivas que ainda acham que relógios digitais são uma grande ideia.
Esse planeta tem - ou melhor, tinha - o seguinte problema: a maioria de seus habitantes estava quase sempre infeliz. Foram sugeridas muitas soluções para esse problema, mas a maior parte delas dizia respeito basicamente à movimentação de pequenos pedaços de papel colorido com números impressos, o que é curioso, já que no geral não eram os tais pedaços de papel colorido que se sentiam infelizes.
E assim o problema continuava sem solução. Muitas pessoas eram más, e a maioria delas era muito infeliz, mesmo as que tinham relógios digitais.
Um número cada vez maior de pessoas acreditava que havia sido um erro terrível da espécie descer das árvores. Algumas diziam que até mesmo subir nas árvores tinha sido uma péssima ideia, e que ninguém jamais deveria ter saído do mar.
E então, uma quinta-feira, quase dois mil anos depois que um homem foi pregado num pedaço de madeira por ter dito que seria ótimo se as pessoas fossem legais umas com as outras para variar, uma garota, sozinha em uma pequena lanchonete em Rickmansworth, de repente compreendeu o que tinha dado errado todo esse tempo e finalmente descobriu como o mundo poderia se tornar um lugar bom e feliz. Desta vez estava tudo certo, ia funcionar, e ninguém teria que ser pregado em coisa nenhuma.
Infelizmente, porém, antes que ela pudesse telefonar para alguém e contar sua descoberta, aconteceu uma catástrofe terrível e idiota, e a ideia perdeu-se para todo o sempre.
Esta não é a história dessa garota.
É a história daquela catástrofe terrível e idiota, e de algumas de suas consequências.
É também a história de um livro chamado O Guia do Mochileiro das Galáxias - um livro que não é da Terra, jamais foi publicado na Terra e, até o dia em que ocorreu a terrível catástrofe, nenhum terráqueo jamais o tinha visto ou sequer ouvido falar dele.
Apesar disso, é um livro realmente extraordinário.
Na verdade, foi provavelmente o mais extraordinário dos livros publicados pelas grandes editoras de Ursa Menor - editoras das quais nenhum terráqueo jamais ouvira falar.
O livro é não apenas uma obra extraordinária como também um tremendo best-seller - mais popular que a Enciclopédia Celestial do Lar, mais vendido do que Mais Cinquenta e Três Coisas para se Fazer em Gravidade Zero, e mais polêmico que a colossal trilogia filosófica de Oolonn Colluphid, Onde Deus Errou, Mais Alguns Grandes Erros de Deus e Quem É Esse Tal de Deus Afinal?
Em muitas das civilizações mais tranquilas da Borda Oriental da Galáxia, O Guia do Mochileiro das Galáxias já substituiu a grande Enciclopédia Galáctica como repositório-padrão de todo o conhecimento e sabedoria, pois ainda que contenha muitas omissões e textos apócrifos, ou pelo menos terrivelmente incorretos, ele é superior à obra mais antiga e mais prosaica em dois aspectos importantes.
Em primeiro lugar, e ligeiramente mais barato; em segundo lugar, traz na capa, em letras garrafais e amigáveis, a frase NÃO ENTRE EM PÂNICO.
Mas a história daquela quinta-feira terrível e idiota, a história de suas extraordinárias consequências, a história das interligações inextricáveis entre essas consequências e este livro extraordinário - tudo isso teve um começo muito simples.
Começou com uma casa. "
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~Trechos~
1. " Também tinha cerca de 30 anos; era alto, moreno e quase nunca estava em paz consigo mesmo. O que mais o preocupava era o fato de que as pessoas viviam lhe perguntando por que ele parecia estar tão preocupado. "
2. " Quinze segundos depois, Arthur estava fora da casa, deitado no chão, na frente de um trator grande e amarelo que avançava por cima de seu jardim. "
3. " O Sr, L Prosser era, como dizem, apenas humano. Em outras palavras, era uma forma de vida bípede baseada em carbono e descendente de primatas. Para ser mais específico, ele tinha 40 anos, era gordo e desleixado e trabalhava no conselho municipal. "
4. " Os desvios são vias que permitem que as pessoas se desloquem bem depressa do ponto A ao ponto B ao mesmo tempo que outras pessoas se deslocam bem depressa do ponto B ao ponto A. As pessoas que moram no ponto C, que fica entre os dois outros, muitas vezes ficam imaginando o que tem de tão interessante no ponto A para que tanta gente do ponto B queira muito ir para lá, e o que tem de tão interessante no ponto B para que tanta gente do ponto A queira muito ir para lá. Ficam pensando como seria bom se as pessoas resolvessem de uma vez por todas onde é que elas querem ficar. "
5. " Por uma curiosa coincidência, "absolutamente zero" era o quanto o descendente dos primatas Arthur Dent suspeitava que um de seus amigos mais íntimos não descendia dos primatas, sendo, na verdade, de um pequeno planeta perto de Betelgeuse, e não de Guildford, como costumava dizer. "
6. " Ford Perfect já havia perdido as esperanças de que aparecesse um disco voador porque 15 anos é muito tempo para ficar preso em qualquer lugar, principalmente num lugar tão absurdamente chato quanto a Terra. "
7. " Ah, não me dê mais dessa Aguardente Janx/ Não, não me dê mais um gole de Aguardente Janx/ Senão minha cabeça vai partir, minha língua vai mentir, meus olhos vão ferver e sou capaz de morrer/ Vai, me dá um golinho de Aguardente Janx. "
8. " Quem começava perdendo normalmente acabava perdendo, porque um dos efeitos da Aguardente Janx é deprimir o poder telepsíquico. (...) Ford Perfect normalmente jogava para perder. "
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Bom, pessoal, hoje era só isso que eu queria mostrar pra vocês. 'Espero que gostem do livro', para aqueles que decidirem ler; 'Você deve ser uma pessoa sensata', para aqueles que já leram; e para os que decidirem não ler, pelo menos pare de assistir tantas novelas.
Até a próxima, mochileiros! o/
42 e não entre em pânico.