O Guia do Mochileiro das Galáxias é o mais extraordinário e, certamente, o mais bem-sucedido livro jamais publicado pelas grandes editoras de Ursa Menor. Tem, aproximadamente, o tamanho de uma brochura, mas parece mais com uma calculadora de bolso, com sua centena de botões e uma tela de dez centímetros quadrados que pode exibir, quase num instante, mais de seis milhões de páginas. Ele vem encadernado com uma capa de plástico bastante resistente, em que as palavras
NÃO ENTRE EM PÂNICO
estão grafadas em simpáticas letras garrafais.
No momento, não há cópias d'O Guia do Mochileiro das Galáxias neste planeta, pelo que se sabe.
Esta não é a história do Guia.
É, de todo modo, a história de um livro também chamado, por um caso enorme de improbabilidade, O Guia do Mochileiro das Galáxias; da série de rádio que iniciou isso tudo; da trilogia de seis livros que lhe diz respeito; dos jogos de computador, toalhas e séries de televisão que, por sua vez, também resultaram disso.
Para contar a história do livro - e da série de rádio, e da toalha - é melhor contar a história de algumas mentes por trás disso. Dentre ela, a mais destacada pertence a um humano descendente de primatas, do planeta Terra, ainda que, no momento em que nossa história começa, ninguém saiba de seu destino (que inclui viagens internacionais, computadores, um número quase infinito de almoços e se tornar perturbadoramente rico) mais do que uma azeitona sabe como preparar uma Dinamite Pangaláctica.
Seu nome é Douglas Adams, ele tem um metro e noventa e cinco e está prestes a ter uma ideia."
Introdução do livro "Não Entre em Pânico - Douglas Adams & O Guia do Mochileiro das Galáxias", de Neil Gaiman.
Madrugada
Procurava por um caderno ou qualquer folha de papel para escrever sobre as besteiras que pensava. Não encontrando uma quantidade suficiente de papéis velhos e inúteis misturados com outros papéis velhos e inúteis - alguns até importantes, apesar de inúteis - sobre a minha cama, lembrei-me de um dos cadernos da época do curso de informática (faz muito tempo) que eu provavelmente não tinha terminado de usar. Entusiasmada, apanhei o caderno em minha estante, abarrotada de livros que ainda não li, outros que leria novamente se o tempo permitisse, e ainda, livros-que-espero-ler-encarecidamente-antes-de-morrer (se eu tiver tempo, é claro), e voltei a sentar-me ao redor da razoável bagunça de minha cama.
Folheei com calma, até perceber que não havia páginas em branco disponíveis, o que me obrigou a levantar e ir em busca de outro caderno - que estou segurando no momento - para, ainda, trocar a caneta sem tinta por um lápis comum que ganhei de presente.
Bem, eu poderia estar escrevendo sobre algo como O árduo trabalho de escrever um texto e colocar seu cachorro de quatro anos para dormir enquanto suas unhas secam, mas dessa vez eu tive uma ideia melhor. Momentos atrás, encontrava-me no agradável quarto de minha irmã mais velha (e única) lendo um dos livros de minha abarrotada estante para que ela dormisse. Nós fazemos isso de vez em quando. E apesar de ela ter pegado no sono logo após eu ler a introdução, de menos de uma página e meia, acabei, muito feliz, continuando a ler em voz moderadamente alta (porque já é alta por natureza, embora eu não goste muito de falar em público) até o capítulo 3.
O livro em questão se chama Não Entre em Pânico, uma biografia do célebre Douglas Noel Adams escrita pelo quadrinista contemporâneo e romancista best-seller Neil Gaiman. O livro, como se pode deduzir, fala sobre a história de vida, na minha opinião, do mais ilustre DNA (Douglas Noel Adams para quem não captar de imediato) que já existiu. Então, lendo alguns dos espetaculares episódios de sua vida como limpador de galinheiros, porteiro de hospital psiquiátrico - e posteriormente do departamento de Radiografia do Hospital Yeovil -, estudante e ator (e sobre os arrependimentos por não ter cursado Medicina), pensei "Por que quase ninguém conhece esse cara por aqui?", e, algumas páginas depois, "Se mais pessoas conhecessem sobre esse cara, talvez elas fossem mas críticas, mais felizes e menos estúpidas". E assim surgiu a ideia de publicar em um de meus blogs na Internet algo sobre esse livro, inclusive a introdução que li antes que minha irmã pegasse no sono. Na verdade, num caso provável de probabilidade, ela me dirá que apenas dormiu, de fato, alguns parágrafos depois disso, e que ainda ouvia, mesmo que vagamente, a leitura que eu proferia, adiantando comentários sobre essa postagem.
Como não li muito do livro ainda, não posso me aprofundar demais na discussão, pois, como dizia o próprio Douglas, "eles nunca puderam entender, na escola, se eu era incrivelmente esperto ou terrivelmente imbecil. Eu sempre tentava compreender as coisas completamente para falar sobre elas."
Logo em seguida à ideia que surgiu na minha cabeça sobre a postagem, pensei assim: "Legal, vou tentar fazer com que mais pessoas leiam sobre o Douglas e seus livros, mas o que há de mais convidativo, em um primeiro momento, nessa biografia, além das simpáticas letras garrafais na capa?". Foi aí que lembrei-me de um detalhe: a biografia feita por Gaiman e, vale mencionar, um trabalho da editora Novo Século ®, não tem um sumário. Sempre costumo ler o sumário antes de começar um novo livro, porque a página está lá para ser lida, afinal. Só que dessa vez não estava, e tive a brilhante, ou mais que estúpida, ideia de colocá-la por aqui e despertar a curiosidade de algum mochileiro que esteja passando.
*Sumário do livro "Não Entre em Pânico - Douglas Adams & O Guia do Mochileiro das Galáxias", de Neil Gaiman* ~feito por mim.
Prefácio...7
Introdução...9
0. O Guia do Mochileiro da Europa...11
1. DNA...13
2. Cambridge e outros fenômenos recorrentes...19
3. Os anos selvagens...24
4. Comer pepino, andar de costas e essas coisas...29
5. Quando sua estrela brilha...33
6. A era do rádio...42
7. Um produtor ligeiramente duvidoso...53
8. Temos uma TARDIS, vamos viajar!...57
9. H2G2...63
10. A galáxia é um palco...73
11. "Infantil, inútil, cheia de besteiras..."...78
12. Nível 42...81
13. De ratos, homens e produtores de televisão aborrecidos...85
14. O restaurante no fim do universo...111
15. Invasão EUA...115
16. A Vida, o Universo e Tudo Mais...121
17. Fazendo filmes...130
18. Wida e outros lugares...137
19. Ame os peixes...143
20. Você sabe onde está sua toalha?...159
21. Jogos com computadores...161
22. Cartas para Douglas Adams...171
23. Dirk Gently e hora do chá...180
24. Salvando o mundo sem ônus adicional...187
25. Douglas e outros animais...191
26. Tudo o que acontece, acontece...196
27. Guias para o Guia...201
28. Os filmes que não se mexem...205
29. O ponto.com que não tinha como dar errado...210
30. Um tipo de pós-vida...216
31. Diabo de coisa difícil, escalar vestido de rinoceronte...221
32. Shada renascido...224
33. Pois bem, parece ter sido assim tanto-quanto-tenha-tido-a-ver-com-o-rádio...229
34. Cartões-postais de Daveland...238
35. Homem estelar...242
36. A interconexão de toda as coisas...244
37. Mochilando rumo ao futuro...249
-*-
E aqui termina a postagem especial sobre a biografia de Douglas Adams. Nas próximas publicações, ao longo dos dias de Outubro, falarei mais sobre o primeiro livro da série, O Guia do Mochileiro das Galáxias, não percam! (Especialmente se você não tiver lido-o)
Dedicatória
Eram duas horas quando tive o pensamento louco de escrever todos esses disparates, agora são pouco mais de três e vinte e cinco da manhã, está chovendo, e dedico essa postagem à minha irmã Daniela, por ter me acolhido por alguns minutos em seu quarto recém-pintado e aconchegantemente verde; aos meus pais, por não terem acordado enquanto escrevia depois das três da manhã; ao meu amigo Heitor Menezes, por ter um corte de cabelo legal (lembrei disso enquanto lia, não pergunte por qual estranha razão...); às minhas amigas Indira e Myllena, que ainda não leram o Guia do Mochileiro das Galáxias (nota: trata-se de uma extrema recomendação); à minha boa e velha amiga Luciana, pelo lápis que em minhas mãos estava quando escrevi isso; ao meu amigo Ramon Luís, tão estranhamente inteligente quanto Adams, por ter me apresentado à trilogia do Guia do Mochileiro; e claro, ao nosso Douglas.
"Quando você é um estudante, ou algo assim, e não pode alugar um carro nem pegar um avião, nem sequer pagar um bilhete de trem, tudo que pode fazer é rezar para que alguém pare e ofereça uma carona.
Por enquanto, não temos como pagar a viagem a outros planetas. Não temos sequer as naves para chegar lá. Pode ser que haja outras pessoas por aí (não tenho qualquer opinião sobre Se Existe Vida Lá Fora, simplesmente, não sei) e seria legal se alguém pudesse, mesmo que de vez em quando, ser levado de carona universo afora."
Douglas Adams, 1984.